Trecho do livro PROJETO SENTIDO GESTACIONAL de Letícia K. Baccin
“Toda a verdade será revelada”, evangelho de Marcos
Françoise Dolto foi uma médica psicanalista francesa que teve grande influência sobre a educação de crianças de sua época. Seus estudos versam sobre o sintoma e o comportamento infantil, que invariavelmente está ancorado nos comportamentos inter-relacionais da estrutura familiar, essencialmente daquilo que está vinculado ao não-dito e ao segredo no sistema. Ela dizia que “o que uma geração cala, a outra carrega no corpo”.
Segundo ela, “a criança não sabe que é criança, ela é um reflexo da pessoa de quem é interlocutora.”, ouso complementar a mestra de que a criança é um reflexo das pessoas das quais é interlocutora, uma vez que nela estão transcritas todas as memórias familiares.
Diana Paris corrobora o entendimento, e explica o PARA QUÊ devemos olhar para o não visto, quando menciona:
“Por quê remexer estes enigmas do passado, para que averiguar?
Porque conhecer nos libera de repetir e nos devolve autonomia. Saber nos permite compor, com nossas mãos, as rendas da vida. E porque quem sabe, já não ignora. Quem sabe já não pode NÃO saber, já que possue uma explicação à sua verdade, esta que relataram maquiada, com caretas, falseada. Recordemos que a verdade objetiva como tal, não existe, porém a cada um cabe trazer a sua verdade psíquica, e para isto, é preciso dedicar um trabalho profundo com a história pessoal”.
Recompor nossa história familiar nos possibilita desvendar os nós que estagnam nossa jornada existencial e nos promove maior discernimento de quem somos e para que viemos. Uma criança que nasce no seio de uma família pode estar vinculada a segredos que precisam ser olhados, para dores que não foram possíveis ser ditas, para crimes escondidos, para desequilíbrios que desencadeiam desequilíbrios...
Pergunta-se, então:
Existe algo a ser descoberto entre este casal que envolve o nascimento?
Houve entre o casal, alguma traição velada?
Este filho é fruto talvez, de uma traição?
Existe incesto na genealogia?
Alguém foi abusado sexualmente?
Muitas vezes o filho é biológicamente do casal, mas um dos pais poderia emocionalmente estar vinculado a uma terceira pessoa naquela relação e naquele momento. Este sentimento, pode implicar em uma carga e um registro emocional no bebê que pode vir à tona sob várias formas:
*uma rejeição ou combate inconsciente em relação ao pai, ou mãe, que violou a relação do casal biológico;
*pode conectar-se à tarceira pessoa e às qualidades e funções dela numa forma de lealdade;
*pode apontar para outras traições do sistema;
*pode manifestar na fase adulta dificuldades relacionais;
*pode atrair relações triangulares.
Olhar para o motivo do casamento dos pais:
Será que os pais foram obrigados pela família a casarem e a criança sentirá ao longo da sua vida um fardo, um peso, uma culpa pela quiçá “infelicidade” deste casal?
Houve tentativa de aborto durante a gestação?
Em caso positivo, quem foi que deu a idéia do aborto?
Um filho concebido de forma “não planejada”, “cancela” projetos futuros de seus pais. Pode ele portar um fardo pesado de culpa em relação a frustrações profissionais e pessoais dos mesmos, ainda que em momento algum esta culpa esteja relacionada diretamente a este novo membro da família, mas exclusivamente às frustrações de seus pais.
Sou fruto de incesto?
Estas e outras perguntas são feitas à luz da PSICOGENEALOGIA para compreender a essência do nosso PROJETO SENTIDO GESTACIONAL, a fim de compreender PARA QUÊ viemos no nosso sistemafamiliar e o funcionamento da nossa mente consciente a partir desta programação.
Letícia Kuchockowolec Baccin
#BLOG RAÍZES DA MENTE
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